A doutrina da dissuasão nuclear, que passa por um teste na
atual crise entre Estados Unidos e Coreia do Norte, nasceu na Guerra Fria,
quando as duas potências da época afirmavam que qualquer ataque teria represálias
apocalípticas.
Em plena corrida armamentista, Washington e Moscou
multiplicavam o número e a potência de suas ogivas nucleares, assim como a
quantidade de vetores (mísseis, aviões, submarinos) para conseguir o que os
especialistas chamam de “Destruição Mútua Assegurada” (MAD, na sigla em
inglês).
De acordo com os números do Bulletin of the Atomic Scientists
(BAS), em 1990 os Estados Unidos tinham quase 22.000 ogivas nucleares (4.480
atualmente), e a Rússia, quase 30.000 (contra 7.000 atualmente, incluindo as
que devem ser desmanteladas).
A quantidade poderia provocar a destruição completa, por diversas
vezes, dos dois países.
O pesquisador Bruno Tertrais, da Fundação para a Pesquisa
Estratégica (FRS), afirma que “a arma nuclear, inventada há quase 70 anos, se
tornou eficaz como instrumento de prevenção da guerra, porque não aconteceu
conflito entre grandes potências desde então”.
Até recentemente, os EUA vinham lidando com a ameaça
norte-coreana de forma diplomática, impondo sanções na tentativa de sufocar a
economia e forçar o regime a desistir de seu programa nuclear. Mas, ao ser
pressionado, Kim Jong Un tem respondido com uma retórica agressiva, ameaçando
com novos testes e dizendo-se pronto para entrar em uma guerra.
A atual crise começou com a intensificação da atividade
militar da Coreia do Norte, que passou a testar a capacidade de novos mísseis
desde o início do ano. Disposto a não tolerar as provocações norte-coreanas, o
presidente dos EUA, Donald Trump, que assumiu em janeiro deste ano, ameaçou uma
retaliação energética em caso de um novo teste nuclear.
Apesar da retórica agressiva de Trump, uma ação militar
contra a Coreia do Norte é extremamente arriscada. Devido ao isolamento da
Coreia do Norte, não há uma estimativa precisa do arsenal do país. Acredita-se
que o regime disponha de mais de mil mísseis de diferentes alcances. Os testes
recentes levam a crer que o país ainda conseguiu desenvolver um míssil
balístico intercontinental capaz de abrigar uma ogiva atômica capaz de atingir
os EUA. Além disso, no caso de sofrer qualquer ataque militar, o regime de Kim
Jong Un tem poder de fogo para realizar um ataque nuclear contra nações
vizinhas, como a Coreia do Sul e o Japão.
Como o programa nuclear norte-coreano já foi motivo de outras
crises agudas no passado, espera-se que a atual tensão não passe da retórica
agressiva e troca de acusações entre EUA e Coreia do Norte. Mas, diante de dois
líderes intempestivos como Donald Trump e Kim Jong Un, o desfecho dessa crise é
imprevisível.
Fonte 1: https://exame.abril.com.br/mundo/crise-entre-eua-e-coreia-do-norte-herdou-conflito-da-guerra-fria/
Fonte 2: http://epoca.globo.com/mundo/noticia/2017/09/coreia-do-norte-e-estados-unidos-seguem-rumo-uma-nova-guerra-fria.html
Cuba X Estados Unidos
No final de 2015, a decisão dos presidentes Barack Obama e
Raúl Castro de retomar as conversas entre Cuba e Estados Unidos para que os
laços diplomáticos fossem reatados foi histórica. Desde então, a relação entre
os dois países vem aos poucos se estreitando em direção ao que parece ser o fim
de um dos mais conhecidos conflitos geopolíticos.
COMO SURGIU O CONFLITO?
Até a década de 1950, Cuba e Estados Unidos eram grandes aliados. Cuba era governada por uma ditadura militar chefiada por Fulgêncio Batista, aliado dos EUA. A economia do país era baseada na exportação de tabaco e açúcar e a ilha sofria graves problemas sociais, como concentração fundiária e miséria da população rural. As indústrias de açúcar e muitos hotéis eram dominados por grandes empresários norte-americanos e, ao mesmo tempo, a capital Havana possuía cassinos e festas para os americanos, que usavam Cuba como uma espécie de colônia de férias.
Esse cenário de desigualdade, dependência econômica e forte
influência dos EUA na política cubana levou à formação de uma guerrilha
camponesa liderada por Fidel Castro e Ernesto Che Guevara. Em 1959 os
revolucionários depuseram Fulgêncio Batista e o episódio ficou conhecido como
Revolução Cubana.
ATUALMENTE:
As conversas
entre o governo de Cuba e Estados Unidos começaram em junho de 2013. Foram
realizados diversos encontros entre os representantes dos dois lados no
Vaticano e no Canadá. Segundo a Casa Branca, o Papa Francisco teve papel
crucial na reaproximação. Em pronunciamento naquele ano, Barack Obama lembrou
que os EUA já possuíam relações econômicas com a China há 35 anos, um país
comunista de longe muito maior do que Cuba, assim como também reatou relações com
o Vietnã alguns anos antes.
O anúncio da retomada das relações foi feito oficialmente em
17 de dezembro de 2014. Após a troca de prisioneiros entre os dois países, o
presidente Obama declarou que estava pronto para negociar os termos da
reaproximação.
Em 20 de julho de 2015 a embaixada de Cuba foi reaberta
oficialmente em Washington, nos Estados Unidos, após 54 anos do rompimento das
relações entre os dois países. Em março de 2016, o presidente Barack Obama fez
uma visita a Cuba para participar da cerimônia de reabertura da embaixada
estadunidense em Havana.
Apesar dos esforços de Barack Obama em reaproximar as duas
nações, logo após assumir a presidência dos Estados Unidos no início de 2017, o
governo Donald Trump anunciou uma revisão completa das políticas do país em
relação a Cuba. Segundo o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, o foco da
revisão está nas políticas de direitos humanos, já que Cuba é acusada pelos
norte-americanos de violar estes princípios ao perseguir opositores políticos.
Fonte: http://www.politize.com.br/cuba-e-estados-unidos-reaproximacao/
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